sábado, 28 de fevereiro de 2015

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Censura saudável

Hoje o Blogger informou que os conteúdos sexualmente explícitos vão acabar. Por aqui, isso não afeta nada pois não existem, pelo menos no que toca a imagens e, por outro lado, não consigo deixar de achar que é uma excelente ideia.
Os blogues com essas caractarísticas são, na sua maioria, como aquelas mulheres que conhecemos e nos apresentam uma imagem rebelde, aventureira, irresistível e capaz de nos levar ao céu mas que, chegado o momento, recuam, desistem, escondem-se e borram uma pintura que julgávamos ser original.
Os blogues que utilizam esse tipo de conteúdos são como aquela mulher que nos diz na mesa do restaurante: "E se eu te chupasse todo aqui mesmo?", e quando respondes, "Chupa...", ri-se imenso e diz: "Parvo, achas mesmo que eu seria capaz?!".

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Limites

Podemos dar mais, ou menos, valor ao sexo numa relação, mas uma coisa é indesmentível: ele importa.
Nem sempre existe sintonia naquilo que se gosta ou se está disposto a fazer mas o tempo vai ajudando a reajustes, a adaptações que, desejavelmente, terminam com uma espécie de sintonia que permite a satisfação de ambos.
E nada mais frustrante do que encontrar alguém cujos limites são demasiado exíguos para o que esperamos. Nesses casos, a pintura está definitivamente borrada, ainda mais quando não existe abertura para ir um pouco mais além, quer seja por ideias pré-concebidas ou por manifesta falta de interesse em explorar para além daquilo que se considera satisfatório.
Os ditos especialistas em sexologia costumam dizer que o diálogo é importante, é preciso falar daquilo que queremos e "trabalhar" a partir dessa permissa mas o diálogo não resulta quando os limites são diametralmente opostos; nesses casos, o insucesso é garantido.
Mas nem sempre, no primeiro encontro, é possível evitar enormes decepções mas também surpresas.
Passar uma noite a aquecer os corpos e quando partimos para a acção encontrarmos alguém que, com um ar muito contrafeito, nos diz "isso não", a uns minutos de sexo oral, é uma enorme desilusão. Por outro lado, quando julgámos que estamos perante alguém que leva a frigidez muito a sério, que se arrasta para o quarto com algum enfado e, no momento, saca de um vibrador que carrega na carteira, é assustador, ainda que surpreendentemente, encorajador.
Dizem as avozinhas que "há um testo para cada panela", e nestas coisas do sexo e dos seus limites, evitar borrar a pintura é, no mínimo, estar disposto a aproximar os limites um do outro.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Irritações

Há uma coisa, em particular, que me tira do sério e, por isso, é uma das borradelas mais irritantes que me faz perder todo o interesse e consideração por quem tenho à minha frente, ao meu lado ou, vá lá, debaixo de mim: os viciados em internet.
Não há nada mais corta-tesão do que ter alguém connosco que está constantemente a verificar o telemóvel, seja para ver se tem mensagens, para ver atualizações do Facebook ou, na pior das hipóteses, ir comunicando com outra pessoa.
Se lhes dizemos alguma coisa, manifestando o desagrado pelo comportamente, notamos, de imediato, um nervosismo no rosto, como quem está a ressacar; torna-se inquieta e pouco focada, quase com vontade de abdicar de nós para correr para um qualquer telemóvel, tablet ou PC.
As mais discretas, aproveitam alguns "momentos mortos", para o fazer, como quando falamos com o empregado do restaurante, acendemos um cigarro, enfim, quando julgam que isso não afeta o encontro; mas há aquelas que o fazem in your face suponho que sejam as que atingem um nível mais grave de adição. E até nos intervalos de uma queca, não é surpresa se se esgueirarem para a mesinha de cabeceira para carregar no botão que lhes mostra os updates ou acordares a meio da noite e notares uma luz que se escapa dos lençóis vinda daquele objeto.
Se isto for transferido para alguém com quem temos uma relação, para além de um simples encontro casual ou engate inesperado, as coisas tornam-se ainda mais graves e, por muito que goste da pessoa, este vício torna-se insuportável e lá vou eu para novas paragens. Honestamente, prefiro alguém com um tique ou um defeito de fabrico.
A adição à internet é um tema muito discutido e quase tudo foi dito sobre ele mas, na verdade, será a pior pintura borrada dos tempos modernos e acredito que elas são bem piores do que eles no que toca a ficarem "agarradas".

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Veste-me...

Os cartões de crédito são para usar. Aquela mariquice de só utilizar o crédito numa emergência é para esquecer ou, melhor, o que é isso de emergência? Para  mim, por exemplo, utilizar os cartões para testar bom gosto é, claramente, uma emergência.
É sabido que eles e elas gostam demasiado de se produzirem, para o bem e para o mal, sempre que saem, sobretudo ao fim de semana. Uma camisinha, um salto alto, merdas que no fim acabam por não fazer grande diferença, uma vez que num qualquer bar, discoteca ou similar, todos vão parecer iguais, logo, o que conta, como sempre é o que se vê para além das roupinhas ou, na melhor das hipóteses, que roupinha se escolhe.
Por isso, somos facilmente enganados por uma imagem de fim de semana que em nada tem a ver com o que veremos no dia seguinte. Mais mais eficiente que olhar para a imagem delas é pô-las a tratarem da nossa imagem e ver do que são capazes. É um teste divertidíssimo mas tira muitas dúvidas.
As regras são simples: vamos de loja em loja escolher roupa para o dia a dia para mim, mas são elas que sugerem. Para além do bom ou mau gosto, ficamos, de imediato, a perceber, que homem elas querem, esperam ou nos querem transformar. Mais do que isso, ficamos a perceber, que imagem têm elas de nós, para além da que conseguiram observar num qualquer sábado à noite. E o mais engraçado disto tudo é que elas adoram compras, acham divertisíssimo e nem sequer lhes passa pela cabeça que este é um teste.
Por experiência, posso dizer que 80% dos testes terminam com uma gigantesca pintura borrada.
Há sempre um espalhanço, seja por overdress, seja por wrong style, dificilmente o dia acaba com a certeza de que tudo o que é sugerido cabia nas minhas gavetas.
Entre todos os testes de que me lembro, houve falhanços épicos, houve até falhanços que não passaram da porta da primeira loja, isto porque ela teve o azar de perguntar: "Vamos ver aqui...", indicando uma Bershka.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Tecnologias

O fim-de-semana correu bem e conheceste alguém interessante que achas valer a pena manter enquanto as coisas vão de feição. Bons momentos entre lençóis, muitas gargalhadas, filmes com direito a pipocas e a uma manta quente, vinho e chocolate, uma versão do jogo das escondidas com as câmaras dos smartphones e até alguma cumplicidade enquanto se cozinha qualquer coisa parecida com o que acabamos de ver ao Henrique Sá Pessoa na TV. Os dois dias passam rápido, chegam as despedidas com a certeza que se seguirão vários fins-de-semana semelhantes, o que te deixa com um sorriso parvo na cara.
Na segunda-feira, dia de ressaca, começam as inevitáveis trocas de sms e as frases feitas de saudades e contagens decrescentes. Na segunda-feira chega-te um pedido de amizade no Facebook que ela, sorrateiramente, descobriu, ainda que permaneças bem camuflado nessa necessária modernice. Aceitas e ris-te ao ver o que no perfil dela aparece; é sempre uma surpresa comparar a pessoa e o seu mural, quase sempre são inesperados, quase sempre não combinam totalmente.
Ainda não passou das 15 horas e já trocaram sms, uniram-se no Facebook e... foda-se, aqueles boxers que vês numa foto são os teus!!! "Fulaninha identificou-te numa foto", lês nas tuas atualizações. Não autorizas a identificação mas da foto não te livras; minutos depois, a mensagem repete-se mas agora, eis a tua tromba espetada no Facebook dela, com cara de parvo, no meio de uma manta e de copos de vinho e a frase "fim-de-semana inesquecível com o fulaninho...". Entras em pânico, a pintura está borrada e tu esparramado num Facebook qualquer. Seguem-se insistentes "likes" em tudo o que é texto teu, tantos que chegam ao mês passado, e no mural dela, sucedem-se os comentários às fotos onde apareces; amigos e amigas a destilarem admirações, desejos de felicidades, a criticarem o padrão dos boxers e da manta e a procurarem saber quem é "o príncipe que encontraste?".
Eliminas a amizade, apagas os sms e terminas com uma simples mensagem: borraste a pintura.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

q.b.

Haverá poucos homens que não gostem, ou não se sintam atraídos, por uma mulher física e sem quaisquer tabus; daquelas que não têm preconceitos, muitos limites e sejam insaciáveis na cama, dispostas a alinhar em qualquer proposta mais arrojada, algo muito próximo da máxima inventada por esse garanhão chamado Marco Paulo: "uma lady na mesa...".
O problema é que isso, quase sempre, e como tudo o que é demais, enjoa. Ter uma mulher que constantemente pede, pensa e gira em torno do sexo, torna-se demasiado cansativo, intimidatório e, no fim, cria aversão a quem antes achou muita graça ao arrojo. Com a voracidade permanente, um gajo acaba por querer é fugir de tudo o que tem a ver com sexo e ainda ficamos com a sensação que o sexo em casa será apenas uma parte de todo o sexo que ela precisa e, por isso, não será descabido imaginar que o terá emm escapadinhas bem orquestradas.
Para evitar borrar a pintura, o ideal é encontrar o equilíbrio numa mulher, algo que parece fácil, passando por alguém para quem o sexo é vital, sobretudo, se for desenfreado mas, ao mesmo tempo, consegue demonstrar que não é nenhuma ninfomaníaca e que pode muito bem passar uns dias sem pensar, falar ou meter-se em mamadas, orgias, fodas por trás, etc. Daquelas que resistem a meter-nos a mão na braguilha no escuro do cinema vazio, durante um filme do Pasolinni ou que nos deixam dormir porque estamos cansados e simplesmente não nos apetece.
O que encontrámos é, geralmente, aquelas que borram a pintura quando libertam um "isso não" ou as que, por oposição, têm garrafa no clube de swing, números de telefone para trios de última hora e ainda acumulam tudo isto com blogues eróticos onde salivam desejos e sonhos molhados. E depois há as que falam, falam mas não as vemos fazer nada.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Dresscode

A passagem de ano tinha sido de caixão à cova. Demasiado champanhe, precisamente aquela bebida que dá a pior das ressacas; demasiado barulho, tabaco e produtos nocivos à saúde mas que insistimos em utilizar para acelerar a vertigem de descontração que a esperança de novos dias nos trás.
É claro que a festa não podia acabar sem ser na cama de alguém que provavelmente ter-se-á enganado no gajo e copo atrás de copo me confundiu com um qualquer Mark Vanderloo e, segundo me recordo, deu um verdadeiro recital de como foder em condições. Isto, é claro, antes de acordar e reparar que, afinal, o tipo que estava ali era banal mas dava para os gastos.
Mesmo num estado de euforia fora do habitual e com a visão turva, nunca achei que aquela mulher seria perfeita ou potencial fruto de um relacionamento de mais do que um ou dois dias, no entanto, fiquei impressionado comigo mesmo, pois o meu pior tinha-me oferecido algo próximo do topo de gama.
O acordar foi lento, numa cama desconhecida que, mais tarde, viria a perceber que era a cama dela e a julgar pelos lençóis e tudo à volta, haveria motivos para ficar, desde logo, a vista para um mar que não percebi se era a norte ou a sul. Basicamente, não fazia a mínima ideia de onde tinha ido parar, mas sabia que se não tomasse um ou dois cafés de imediato correria o risco de prolongar a amnésia e ser incapaz de organizar os próximos passos.
A uma distância segura, vejo-a pentear os cabelos longos e loiros, ainda com as curvas prolongadas e suaves, condizentes com uma pele cuidada e clara, bem visíveis e sem nada que as cobrisse. Sim, o peito encheu-se de orgulho. Pergunto-lhe se podemos ir a um cafezinho perto beber um café e regressar depois para tomar banho, recolher os despojos e partir depois para o novo ano. Ela concorda, pede uns minutos para se vestir, os mesmos que me são concedidos para abrir um pouco mais os olhos, tentar obter uma localização e procurar o que vestir e onde vestir.
Pouco tempo depois, lavo a cara, fumo um cigarro e procuro no chão roupa que me deixe sair de casa. Uma t-shirt, um sobretudo, umas calças amarrotadas e os sapatos possíveis. Estava pronto para o café. Do outro lado não se ouvia muito mas já reconhecia o barulho de saltos. Até que volto a vê-la, rodando no dedo indicador o porta-chaves onde se via o símbolo da Mercedes. "Vamos?", perguntou sorridente como se a festa não lhe tivesse oferecido rugas. Eu não tenho um Mercedes, imaginei que fosse o dela, e isso fez-me questionar onde é que eu teria deixado a merda do meu carro, como é que eu teria chegado a esta praia ainda por identificar?!
"Vais a uma festa?", retorqui ao ver o espectáculo. À minha frente estava ela, de vestido curto, com meias de vidro, um casaco de pele, saltos altos e o rosto finalizado com pintura completa. Atraente confesso mas, claramente, too much para quem vai ao café da esquina beber um café que apague uma ressaca. Olho para ela e olho para mim e vejo um Oceano de diferenças e concluo: borrou a pintura.
Quem é que se produz daquela forma para sair, entrar no carro, andar uns metros e passar cinco minutos num café manhoso onde será de esperar que somente a terceira idade que já passou os anos que tinha que passar marcará presença? Idealmente, bastaria um discreto fato de treino, um camisolão e umas calças, nada mais.
O outro dizia que "não se ama quem não ouve a mesma canção", mas eu garanto que não se ama quem não se aproxima do nosso dresscode em cada momento. Não se trata sequer de estilos, mas da sintonia necessária para ambos perceberem o que vestir a cada altura.