segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Alcunhas

No dia-a-dia somos confrontados com verdadeiros atropelos ao bom gosto no que toca a diminutivos, alcunhas ou semelhantes. Tomar o pequeno almoço num café e ver alguém do outro lado do balcão tratar-nos por 'jovem' é um mau começo de dia, tal como encontrarmos um conhecido que nos apresenta a mulher que tem ao lado como sendo 'a minha esposa' ou vermos a mãe de uma qualquer miúda trata-la insistentemente por 'princesa' ou 'boneca'.
São, mesmo assim, merdas que irritam mas passam ao lado. As piores são mesmo a que temos que aturar e que são direccionadas a nós. As mulheres têm muito essa tendência; esquecem-se rapidamente do nosso nome e começam a chamar-nos as coisas mais ridículas que possamos imaginar, isto quando não têm aquele vício impossível de acrescentar 'inhos' a tudo quanto mexe e não mexe. Porque é que um café tem que ser um cafezinho, ou um fome, 'fominha'? Há quem diga que é o instinto maternal e protector que as faz imediatamente tratarem-nos como putos, o problema é que se somos putos não podemos ir para a cama com elas...
Entre as pinturas borradas, já perdi a pica toda com alguém que atirou com um 'isso, bebé!', em pleno acto; já procurei um buraco no chão quando fui apresentado como 'o meu ursinho' e fiquei sem saber o que responder depois de levar com um 'estás pronto, mor?'. Escusado será dizer que depressa o bebé começou a andar e deu passos rápidos para o mais longe possível, o ursinho não rugiu, fugiu, e o mor mostrou-lhe que faltava o 'a' e sem ele não havia relação que resistisse.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Viagens (parte 2)

Sempre achei, mesmo antes de ter chegado à conclusão de que não há princesas, que a melhor forma de viajar é sozinho, sem necessidade de compatibilizar vontades ou organizar planos que satisfaçam todas as partes. Mesmo assim, se um gajo está disposto a meter-se numa relação mais ou menos séria, mais cedo ou mais tarde, vai ter que se meter num avião qualquer e viajar acompanhado. A primeira dificuldade é escolher o destino e, lá chegado, conseguir sintonia naquilo que se pretende obter numa viagem. Por isso, este é um momento delicado, onde facilmente elas borram a pintura em grande escala.
Várias vezes, quando encontrei alguém com quem cheguei a pensar poder vir a passar férias conjuntas ou simpesmente dar uma escapadinha, fiz um teste infalível, evitando assim ser tramado em pleno território forasteiro onde não há muito mais a fazer senão aguentar até ao regresso. É simples e passa pela pergunta: quais seriam as tuas férias de sonho? A partir daqui surgem, sem contenção, um chorrilho de descrições capazes de borrar a pintura da Capela Sistina.
Já nem falo nas frequentes excitações por Bora Bora ou praias semelhantes. O momento de fugir chega quando começo a ouvir descrições de férias em resorts de luxo em coisas como Varadero, Cancún ou México, daquelas com direito a pulseirinha e a passagens fugazes pela realidade ali ao lado para ver os nativos, habitualmente pobres e ranhosos que enternecem o turista que dali sai a achar que desceu ao país  profundo. Felizmente, nunca tive nenhuma a acenar com a Gran Canária ou Benidorm, embora entre estas e as anteriores a diferença seja apenas semântica.
Entre as que se metem a tentar ser um pouco mais sofisticadas, escolhendo cidades cosmopolitas, as coisas complicam-se quando atiram com uns beijos no topo da Torre Eifell, umas selfies no Madame Toussaud ou uma passagem rápida pela Estátua da Liberdade. Claro que, pelo meio, suavizam a coisa com visitas a museus que julgam serem intlectualmente arrebatadores.
Com tanta pintura borrada, as viagens prosseguem sem companhia.

O som das sextas (2)



Às sextas as pinturas borradas são cantadas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Viagens (parte 1)

Frequentemente a pintura está borrada desde o início.
Há pequenas coisas que nos impedem de ir em frente porque falta aquele pedacinho assim que nos impele para mais ou, por outro lado, nos trava quando tentamos quase desesperadamente ir em frente. Valorizamos de forma forçada as qualidades, tentando relativizar os defeitos, mas fica sempre um zumbido que nos obriga a parar por ali. No fim, não temos escolha, não há receitas certas, não há princesas.
Já é mau quando nos apercebemos que ela não faz a mínima ideia em que parte do globo está Israel, ou a Lituânia, mas pior é aquela falta de mundo, aquela ausência de horizontes alargados. Bem sei que muitas vezes a vida impede que conheçamos mais mas, azar, não ter mundo é pior do que não ter mamas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estética

Não sou particularmente fan mas não tenho nada contra mulheres mais cheias, pelo contrário, os encantos nem sempre, como se pode ver nos postas que deixei atrás, têm a ver com a forma física das mulheres. Por outro lado, existem formas mais arredondadas absolutamente irresistíveis. Era o caso.
Desde o olhar, à forma como sorria, tudo naquela mulher era interessante. Um pouco acima do peso ideal, é certo, mas isso não lhe retirava a pinta e a inteligência com que sabia desenvolver um assunto e isso é, quase sempre, o melhor dos afrodisíacos. Daí ao desejo foi um passo e do desejo ao interesse em passar mais tempo com ela foi outro.
O pessoal tem muito a mania de defender a ideia de que não devemos ter problemas com aquilo que somos e, seja lá qual for o nosso peso ou formato, não devemos deixar de fazer o que nos apetece, vestir o que queremos e agir como nos der na real gana. Tangas. Um gajo tem que saber com aquilo que lida e saber tirar partido do que nos é favorável de tal forma que o que nos é desfavorável se torne quase invisível. Um tipo com um pau pequeno não vai, de certeza, andar a exibi-lo em selfies, mas poderá garantir que o dito cujo é bom trabalhador. Uma gaja com os olhos tortos preferirá mostrar-se por inteiro a tirar fotos de rosto em close-ups. É natural e saudável.
O grande problema é quando começams os a comportarmos-nos como se fossemos todos iguais, por excesso de confiança ou porque não temos um pingo de noção daquilo que realmente somos. Ora, neste caso a pintura foi borrada por demasiada descontracção.
Tu entras no quarto, já meio enrolado e prontinho para seguires em frente, fazes uma curtíssima pausa para ires até ao wc verificar se tens os preservativos, dar uma mija e olhar para o espelho e quando regressar tens a pintura borrada. Ela apresenta-se sem roupa em cima da cama, numa suposta pose sensual, própria de uma modelo de revista ou do início de um filme erótico onde a visão provoca uma explosão de tesão no gajo que tem a sorte de a ver. Ora tudo isto é muito lindo quando a pose é feita, de forma natural, por uma modelo ou, no mínimo uma gaja fisicamente irresistível. Não era o caso.
O excesso de confiança, o à vontade com o próprio corpo e a tentação de replicar uma pose sensual resultou num cenário patético onde um corpo de poucas curvas se apresentava depositado em cima de uma cama, com um sorriso honesto que se tornara decadente. E, num segundo, a sensualidade da voz, do sorriso e até dos gestos descontraídos perdia-se numa pose desconcertante onde o corpo errado estava no local errado.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O mundo lá fora

Domingo. 20 horas.
Aqueles dias cinzentos e molhados que nos fazem ficar por casa acompanhados por filmes ridículos, mantas, carinho e essas merdas que elas acham românticas e eles aguentam mesmo sem futebol na televisão.
Começa o Telejornal e as notícias vão aparecendo mantendo-nos em contacto com o mundo lá fora. Por entre a austeridade e as inconstâncias internacionais. Ali ao lado ela vai lendo uma revista que revela as tendências de um inverno que se aproxima, são castanhos, amarelos e golas mais ou menos altas a condizer com botas de canos mais ou menos altos. Há atentados mortíferos no Afeganistão, crianças refugiadas às portas de uma Síria devastada e corridas aos contentores do lixo à porta das grandes superfícies; mas há também novos avanços na cura do cancro, prémios lieterários surpreendentes, ciclos de cinema imperdíveis. Ali ao lado ela vai lendo uma revista que revela as festas de sociedade que encerram o verão onde tudo combina com tudo, entre o bronzeado forçado, o rosé do champanhe e o loiro de madeixas demoradas e carregadas. A espaços, logo depois da página virada, o braço estica-se em minha direcção e a mão afaga a minha coxa, mostrando-se presente ainda que ausente.
As notícias vão surgindo a um ritmo vertiginoso sem cadência nos assuntos. E é chegada a altura do apresentador iniciar uma macabra descoberta: o filho exemplar matou a mãe com várias facadas, numa localidade até agora desconhecida mas agora em alvoroço. Houve sangue, muito sangue, lágrimas, gritos de revolta, um advogado assertivo e um bombeiro narrador de inconfidências.
Ela pousa a revista, levanta os olhos em direcção ao ecrã, reforça a atenção à linha temporal do sucedido e absorve os pormenores.Nesse momento, já eu lhe tinha roubado a revista e actualizado a lista do meu guarda-roupa que precisava de ser reciclado.
- Já viste isto? O gajo devia levar com a pena de morte. - comenta indignada.
Era desconcertante . O mundo "pula e avança", como cantava o Manuel Freire, e a única coisa que a fez largar as páginas cor de rosa foi um crime de vão de escada.
Nesse momento, não haveria manta, comédia romântica ou crepitar de lareira que reacendesse o calor do momento e a noite fria e escura dificilmente seria suavizada com lençóis ondulantes. A pintura estava borrada e a resposta tornou-se inevitável:
- Vou indo, está na hora, já é um pouco tarde...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sintonias

Ela até tinha boa pinta e um grande carro.
Conversa animada, alguns copos à mistura e as ideias mais fuscas do que inicialmente começavam a pedir que a noite se prolongasse para além daquele bar onde o que havia para dar já fora dado. Era tempo de sair dali para fora e tentar adivinhar se seria na casa dela ou na minha.
Não chegara a perceber qual era a sua profissão mas apostava em fomação superior, ainda que isso não significasse necessariamente, um grau elevado de intlectualidade ou até de cultura geral acima da média mas, que caramba, não se pode pedir tudo, sobretudo, quando se trata de um engate de bar e não se espera o paraíso definitivo. Tratava-se de uns bons momentos idealmente para repetir.
Dispenso os amigos e as boleias que quase sempre nos poupam a incómodas operações-stop e aceito o lugar de pendura no carro dela que sabia usar como derradeiro trunfo. O destino não era uma casa mas sim um hotel. Uma escolha justa para dois recém-conhecidos que sabiam que, provavelmente, o futuro não lhes reservaria muito mais do que uma ou duas saídas, regadas com bons vinhos, uns quantos jantares com vista para a cidade e um ritual próprio  de sedução onde vale quase tudo para ficar por cima.
Trocámos umas palavras e umas carícias ainda antes do carro iniciar a marcha e a coisa prometia. Ela sabia beijar e onde pôr as mãos. Até que o seu dedo indicador aproximou-se do botão "start-engine" iluminado que imediatamente realçou uma unha bem tratada, pintada com detalhe finalizando um dedo longo e elegante que, para quem imaginava tudo o que se seguiria, só aumentava a vontade que o carro fizesse jus à fama e fosse a toda a velocidade para um quarto qualquer disponível.
O motor roncou e o sapato de salto demasiado alto, caro e de bom gosto, de onde eram também visíveis pés cuidados, sensuais mas decididos, carregou no acelerador tornando o sopro do motor numa música quase celestial aos meus ouvidos. Ouvidos encantados que não estavam preparados para o que se seguiria, quando a música do mp3 incorporado começou a soar nas inúmeras colunas incorporadas na pele castanha que forrava o interior do carro. Num volume generoso, possível pela fantástica insonorização interior, arrancava a todo o ritmo o mais recente hit de kizomba. Estava borrada a pintura!
É claro que não esperava a banda sonora perfeita para um momento de sedução no interior de um carro requintado, que poderia ser trazida por uma qualquer sinfonia de Beethoven, ou pelo calor sequencial emanado por um verniz vermelho vivo e traduzido por uma qualquer versão adaptada de um tango de Gardel. Aceitaria, dada a tesão instalada, uns Iron Maiden; gostaria, numa perfeita sintonia, de ter começado a escutar algo como Lana Del Rey ou John Grant. Mas era kizomba.
A curta viagem tornou-se um pesadelo com a certeza de que aquela que espalhara elegância, plástica percebera agora, sabia as letras e entoava-as como se fosse aquele o canto escolhido para o momento do acasalamento. E a cada palavra entoada no mais perfeito sotaque africano, a minha tesão escondia-se entre as pernas e a cada sorriso de satisfação pelo som de um qualquer Anselmo Ralph, na minha mente tentava-se descobrir todo e qualquer incentivo para que chegados ao quarto ainda fosse possível tirar a barriga de misérias e sair de fininho escudado por um acordar cedo para almoçar com a avozinha.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Das referências

Um gajo conhece alguém interessante e até é correspondido. Há algo no ar que nos diz que poderá ser mais do que uma noite de cama ou de uns amassos num qualquer local meio-público, meio discreto. Os dias que se seguem são de natural paixão. Há vontade de foder todos os dias, vontade de nos manter-mos em contacto constante, surgem as lamechas trocas de sms, as hot late night video-conferências, os jantarinhos que impressionam, por entre sushi e velinhas e tudo corre bem. A malta não assume, de imediato, mas até gosta daquilo a que os entendidos dizem ser a fase cor-de-rosa.
Não há namoros, mas há um caminho que nos levará a isso, pelo menos até ver no que aquilo dá. Ela é interessante na cama, tem um palminho de cara e uma série de atributos que nos fazem pensar que até poderia andar por ali mais uns tempos.
As mulheres gostam de escrever bilhetinhos. Papéis pequeninos onde despejam umas baboseiras românticas que os gajos dizem que não ligam mas babam-se todos e o ego incha até mais não. Umas vezes são declarações de amor, outras são provocações que mostram, em algo palpável, aquilo que elas querem mostram. Enfim, são mais físicas. Eles ficam-se por umas sms, umas fotos e umas coisas dessas. Eventualmente, aparecem com umas flores, coisa que, se fosse gaja, acharia uma das tais "pinturas borradas", pior talvez apenas uns chocolatinhos. Pacóvios, com tão pouca imaginação.
As coisas correm às mil maravilhas até que recebes um bilhetinho mais ou menos com esta frase: "Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós...". Tu achas piada ris-te e pensas: - Ela gosta mesmo de mim. Fazes peito e segues porreiro da vida. Mas há algo em ti que te faz sentir, ao mesmo tempo, que aquela merda é pouco elaborada; culpas a lamechice a que a paixão nos vota mas, mesmo assim, parece-te pouco, assim como os bombons na versão masculina.
Como és dono de um imponente e másculo smartphone, metes aquilo no google, porque ela, com a pressa, nem referiu o autor, ainda que tenha tido a sinceridade de lhe colocar aspas. É um pedaço de papel da mesa de um restaurante, manhosamente colocado no bolso do teu casaco, enquanto foste ao wc. O google não mente: Pauloo Coelho é o autor.
Ficas pálido e o mundo pára.
- Pura que pariu! - deixas escapar. A gaja cita e, mais grave que isso, deve ler, Paulo Coelho. Foste enganado! Ela borrou a pintura e agora vais ter que sair de fininho da merda em que te meteste. Por momentos, sentes-te traído, como se tivesses ido para a cama com uma participante na Casa dos Segredos, e apetece-te tomar um banho a ferver, mas limistas-te a evitar os telefonemas e a responder aos sms. Ela nunca perceberá porque é que fugiste mas tu aprendeste que antes de tudo, devias ter tido uma superficial conversa com ela sobre literatura.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sem escolha (parte 2)

É um sonho, que depressa se torna num pesadelo, pensar que nos saiu o euromilhões quando encontramos uma mulher meiga, carinhosa, extremanente dedicada, frágil, submissa q.b. e muito compreensiva. Até podemos achar-lhes piada mas rapidamente se torna enjoativo. Não haver qualquer fricção, um pouco de pimenta na relação, tudo se torna sem sabor e o interesse vai-se. E depois elas queixam-se que eles vão atrás do perigo, preferem as putas.
Pois é, as putas, como as outras lhes chamam, são as mais selvagens, menos domesticáveis. Confesso que têm a sua piada, a adrenalina vicia e não é difícil deixarmo-nos envolver pelas mulheres que são o oposto das meigas e carinhosas. O jogo das escondidas torna-se interessante, irresistível mas, porra, um gajo não pode passar o resto da vida a tomar doses XXL de adrenalina. Há alturas em que um tipo quer chegar a casa e ter alguma paz e com estas nada disso está garantido, pelo contrário, sem darmos por isso, estamos obssecados com planos de vigilância apertada e incertezas quanto à presença delas depois de metermos a chave à porta e mais do que isso damos por nós a pensarmos: "Foda-se, se ela tiver bazado pelo menos que tenha deixado a mobília".
Se perguntarmos a um gajo que tipo de mulher perfere - OK, ele irá dizer que prefere uma que seja boa na cama - e o assunto for mais ou menos sério, ele irá dizer que é preciso encontrar o equilíbrio. E voilá, é o equilíbrio que não existe porque o equilíbrio seria a perfeição e não há mulheres perfeitas, e quando estamos perto de achar que as encontrámos, lá vêm os pormenores que borram a pintura e nos levam ao ponto de partida.
O Marmelo escreveu um livro intitulado "As mulheres deviam vir com um livro de instruções". Esta, acredito, é a versão mais otimista quanto ao género oposto, aquele que indica que existirão, algures, regras e práticas que permitissem que as mulheres se tornassem perfeitas. Nada mais errado. Apenas poderemos sonhar em encontrar uma aproximação que demore um pouco mais a soltar o tal corta-tesão.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sem escolha (parte I)

Tentar escolher a mulher ideal é como tentar escolher o melhor melão da banca do supermercado ou pior, é que o melão conseguiremos, de forma transparente, descobrir se é bom ou mau mal o abrimos, enquanto a mulher, mesmo depois de aberta - não no sentido literal da coisa -, contém demasiadas camadas sobrepostas que podem enganar o olho mais experiente.
Se escolhermos uma mulher mais cerebral, com queda para a cultura, as artes, enfim essas intlectualidades todas, corremos o risco de ser confrontados com demasiadas crises existências - por vezes a ignorância é uma qualidade -; a constante necessidade de entender os porquês, podem fazer desesperar o tipo mais paciente do mundo.
Por outro lado, existem mulheres menos intlectualmente interessantes mas literadas o suficiente para não fazerem fraca figura. Habitualmente, são licenciadas em áreas como o direito, a economia, a gestão, etc, o que as tornam mulheres com alguma inteligência mas sem tempo para essas mariquices da cultura. São, essencialmente, ambiciosas e, por vezes, materialistas - nem sempre no mau sentido. Mas aqui o risco é outro. Não há tantas crises existenciais mas há planos para a vida, merdas como "daqui a uns anos quero ter uma casa de jeito e viajar para Varadero, etc, etc". Elas não admitem um gajo preguiçoso que goste, de vez em quando, de deixar os boxers espalhados no chão, ou se enterre no sofá a ver um belo de um jogo de futebol. É tudo objectivos, metas, tudo direccionado a uma trata qualquer que é preciso alcançar. Estas cansam demasiado.
Podemos ainda optar pelas mais ingorantes. A vantagem pode ser a ausência de crises existenciais, menos obssessão por metas ambiciosas e que, no fundo, sentem que ter conseguido um gajo inteligente foi o ponto mais alto das suas vidas, logo, estão felizes assim. O problema é que um gajo inteligente não aguenta demasiado tempo o interesse delas pela Casa dos Segredos, pelo Kizomba ou pela novela da TVI. Rapidamente desesperamos por um banho de cultura ou de ambição e até ficamos dispostos a crises existenciais.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Será isto

Sou um falhado.
Todas as considerações que se possam seguir têm na frase anterior a derradeira explicação e, assim, nem adianta perder muito tempo a adjetivar aquilo que aqui aparecerá. Machismo, frustrações, parvoíces, essas coisas todas caem por terra com a evidência que aqui deixo de antemão: sou um falhado.
Mas, apesar de tudo, não deixa de ser verdade que não existem princesas encantadas, ou melhor, não há aquela mulher que todos procuramos e à qual seremos capazes de chamar: perfeita. Não falo dessas merdas de boas mamas, pernas esculturais, etc, falo de personalidades, formas de ser que, mais tarde ou mais cedo, acabam por revelar verdadeiros corta-tesões que me levam a fugir de imediato, baldes de água fria que me trazem de volta à realidade.
Sou um gajo a caminhar para a terceira idade e, apesar de falhado, muitas aventuras me passaram pelo corpo, pela cabeça e pela cama, por isso, garanto-vos que não vale a pena esperar pela mulher certa, porque até esta, um dia, irá borrar a pintura.