É um sonho, que depressa se torna num pesadelo, pensar que nos saiu o euromilhões quando encontramos uma mulher meiga, carinhosa, extremanente dedicada, frágil, submissa q.b. e muito compreensiva. Até podemos achar-lhes piada mas rapidamente se torna enjoativo. Não haver qualquer fricção, um pouco de pimenta na relação, tudo se torna sem sabor e o interesse vai-se. E depois elas queixam-se que eles vão atrás do perigo, preferem as putas.
Pois é, as putas, como as outras lhes chamam, são as mais selvagens, menos domesticáveis. Confesso que têm a sua piada, a adrenalina vicia e não é difícil deixarmo-nos envolver pelas mulheres que são o oposto das meigas e carinhosas. O jogo das escondidas torna-se interessante, irresistível mas, porra, um gajo não pode passar o resto da vida a tomar doses XXL de adrenalina. Há alturas em que um tipo quer chegar a casa e ter alguma paz e com estas nada disso está garantido, pelo contrário, sem darmos por isso, estamos obssecados com planos de vigilância apertada e incertezas quanto à presença delas depois de metermos a chave à porta e mais do que isso damos por nós a pensarmos: "Foda-se, se ela tiver bazado pelo menos que tenha deixado a mobília".
Se perguntarmos a um gajo que tipo de mulher perfere - OK, ele irá dizer que prefere uma que seja boa na cama - e o assunto for mais ou menos sério, ele irá dizer que é preciso encontrar o equilíbrio. E voilá, é o equilíbrio que não existe porque o equilíbrio seria a perfeição e não há mulheres perfeitas, e quando estamos perto de achar que as encontrámos, lá vêm os pormenores que borram a pintura e nos levam ao ponto de partida.
O Marmelo escreveu um livro intitulado "As mulheres deviam vir com um livro de instruções". Esta, acredito, é a versão mais otimista quanto ao género oposto, aquele que indica que existirão, algures, regras e práticas que permitissem que as mulheres se tornassem perfeitas. Nada mais errado. Apenas poderemos sonhar em encontrar uma aproximação que demore um pouco mais a soltar o tal corta-tesão.
Sem comentários:
Enviar um comentário